> Pós-Semana de 22
Após a Semana de Arte Moderna e a agitação que ela provocou nos meios artísticos, aos poucos novos artistas plásticos foram expondo suas obras, que se caracterizaram pela valorização da cultura brasileira. Esses artistas não eram adeptos dos princípios acadêmicos, mas preocupavam-se em dominar os aspectos técnicos da elaboração de uma obra de arte. Faziam parte desse grupo Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Guinard, Cícero Dias e Bruno Giorgi.
Com Tarsila do Amaral, a pintura brasileira começa a procurar uma expressão moderna, porém mais ligada às nossas raízes culturais. Apesar de não ter exposto na Semana de 22, Tarsila colaborou decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna brasileira, pois produziu uma obra indicadora de novos rumos. Sua carreira artística começou em 1916. Em 1920 foi para a Europa, onde estudou co mestres franceses até 1922, quando voltou ao Brasil de se uniu a outros artistas e escritores que partilhavam os mesmo ideiais. Em 1923 a artista voltou à Europa. Passou pela influência impressionista e, em seguida, encontrou as tendências modernas da pintura européia. Nessa fase, ligou-se a importantes artistas do modernismo europeu. Desse período de produção, fazem parte obras como "A negra" (1923), "Autorretrato (Le manteau rouge)" (1923).
No ano seguinte, Tarsila estava novamente no Brasil e iniciou a fase que ela própria chamou de "Pau-Brasil". As características dessa fase são as cores ditas "caipiras", rosas e azuis; temas florais; estilização geométrica das frutas e plantas tropicais; caboclos e negros; e cidadezinhas de interior. Quatro anos mais tarde, em 1928, Tarsila deu início a uma nova fase: a "Antropofágica", à qual pertence a tela "Abaporu" (1928), cujo nome, segundo a artista, é de origem indígena e significa "antropófago", e foi com essa ideia que Oswald de Andrade elaborou as teorias que resultaram no Manifesto Antropofágico, em 1928, que propunha que os artistas brasileiros conhecessem os movimentos estéticos modernos europeus, mas criassem uma arte com feição brasileira.
Depois de uma viagem aos países socialistas, no início dos anos 1930, Tarsila passou por uma fase conhecida como "Social", em que trabalhou temáticas relacionadas à política e ao trabalho, da qual é exemplo significativo o quadro "Operários" (1933).
No início da década de 1920, Cândido Portinari era aluno da Escola nacional de Belas Artes, e então em 1928 parte para a Europa onde viveu dois anos, até retornar ao Brasil onde começa a desenvolver, no início da década de 1930, sua pintura com características muito próprias e a enveredar pela experiência com a pintura mural, que se tornaria um aspecto importante de sua obra. São famosos os murais do então Ministério da Educação e Saúde e os da sala da Fundação Hispânica na Biblioteca do Congresso, em Washington. Igualmente importantes são seus painéis "Via-Crúcis" para a Igreja de São Francisco, em Belo Horizonte, e também o "Guerra e Paz", para a sede da ONU.
De modo geral, em sua pintura Portinari retratou pessoas de suas relações de amizade, desenvolveu cenas de retirantes nordestinos ("Retirantes", 1944), da infância e tipos populares ("Meninos com pipas", 1947), e de conteúdo histórico e social. Em seu quadro "Café" (1935) temos um bom exemplo do seu olhar sobre o mundo do trabalho rural.
Cícero Dias nasceu em Pernambuco e estudou pintura na Escola Nacional de Belas Artes. Cedo, porém, abandonou as orientações acadêmicas para buscar um caminho pessoal. No fim dos anos 1920 e início dos anos 1930, suas obras já davam mostras do estilo que marcaria sua pintura: usando com freqüência o azul e o vermelho, deu um tratamento particular às cenas da vida nordestina. Uma das obras mais importantes de Cícero Dias chama-se "Eu vi o mundo... ele começava no Recife" (1926), e trata-se de um grande painel com aproximadamente 13m de comprimento por 2m de altura.
Paulista do interior de SP, Bruno Giorgi morou durante muitos anos na Itália. No fim da década de 1930, retornou ao Brasil, aderindo às ideias do Movimento Modernista, graças principalmente à sua amizade com Mário de Andrade. Em 1942, a convite do ministro Gustavo Capanema, participou da equipe que decorou o prédio do Ministério da educação e Saúde (atual Palácio da Cultura), RJ. Seu trabalho - "Monumento à Juventude" - foi feito para o jardim do ministério.
Na década de 1950, suas obras passaram a valorizar o ritmo, o movimento, os vazios e a harmonizar linhas curvas e formas angulares. Ele passou também a usar o bronze, criando figuras delgadas, em que os vazios são parte integrante da escultura, predominando freqüentemente sobre as massas. É dessa época "Os Guerreiros", que o artista criou para a praça dos Três Poderes, em Brasília. Na década seguinte, duas inovações apareceram na obra de Giorgi: a forma geométrica, em lugar das figuras, e o mármore branco de Carrara, em lugar do bronze. A essa nova fase pertence a obra "Meteoro" (1967), no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Alfredo Volpi nasceu na Itália e veio para o Brasil com pouco mais de um ano de idade. Ainda muito jovem, descobriu a pintura de cavalete e a ela passou a dedicar cada vez mais tempo de sua vida. Sua pintura desenvolveu-se principalmente em direção ao domínio da cor. Seus primeiros quadros refletiam um certo naturalismo associado a técnicas impressionistas. A partir de 1950, Volpi deu início às suas obras mais significativas: são as fachadas de casarios, mastros, bandeiras e fitas.
Natural do ceará, com cerca de 20 anos Aldemir Martins já tentava renovar as
artes plásticas de sua terra. Na década de 1950 já apareceram em sua obras os
motivos regionais - cangaceiros, tios populares ("Violeiro") e frutas - e os desenhos de animais que o tornaram
bastante conhecido, como em "Família de
Gatos" (2003). São obras com cores e traços muito pessoais, que marcaram de
modo inconfundível seu trabalho. Ao longo de sua atividade artística, recebeu
muitos prêmios, entre os quais o de desenho da XXVIII Bienal de Veneza. Sua
popularidade aumentou ainda mais quando seus desenho fora utilizados pela
industria para decorar utilidades do dia a dia, como jogos de pratos, copos,
latas, enfim, objetos produzidos e consumidos em larga escala.