> MODERNISMO NO BRASIL

 O séc. XX inicia-se no Brasil com muitos fatos que vão moldando a nova fisionomia do país. Observa-se, por exemplo, um período de progresso técnico em virtude da criação de novas fábricas. Ao lado disso, a vinda de grande número de imigrantes de diversos países colaborou para alterar a sociedade brasileira. Como conseqüência, o país assistiu a um expressivo crescimento econômico e transformações sociais resultantes do convívio co diferentes culturas.

Essa nova arte brasileira aparece inicialmente por meio da atividade crítica e literária de Oswald de Andrade, Mário de Andrade, e alguns outros artistas que vão se conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade alerta para a valorização das raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil, escreve para os jornais expondo suas ideias renovadoras e participa de grupos de artistas que começa a se unir em torno de um nova proposta estética.

Antes dos anos 1920, são feitas em São Paulo duas exposições de pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os brasileiros: a de Lasar Segall, em 1913, e a de Anita Malfatti, em 1917. A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os adeptos da arte acadêmica. A reação mais forte contra a polêmica criada pela exposição de Anita Malfatti veio com o artigo de Monteiro Lobato para o jornal O Estado de S. Paulo. No artigo, Lobato, preso a princípios estéticos conservadores, afirma que "todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude".

A divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os de uma renovadora prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax na Semana de Arte Moderna, realizada nos dias 13, 15 e 17 de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.

Antes da explosão do Modernismo de 22, o Brasil teve com Lasar Segall seu primeiro contato com a arte mais inovadora que era feita na Europa. Nasceu na Lituânia, mas estudou pintura na Alemanha. Em 1913 veio para o Brasil, onde realizou sua exposição, com nítidas características expressionistas. Retornou à Alemanha e lá ficou até 1923. Nessa época, seu desenho anguloso e suas cores fortes procuraram expressar a inquietude e os sentimentos do ser humano, como pode-se observar nas obras Interior de pobres II e Eternos Caminhantes (1919). Ao retornar ao Brasil em 1924, sua pintura assumiu algumas temáticas brasileiras: mulatas, prostitutas, marinheiros, favelas, bananeiras. Um exemplo dessa fase é Menino com Lagartixa (1924). Entre os anos 1936 e 1950, sua pintura volta-se para os grande temas humanos e universais, como sofrimento e solidão. São dessa época, entre outras, as telas: Progrom, Navio de emigrantes, Guerra e Campo de concentração.

Anita Malfatti teve grande importância nos acontecimentos que antecederam o Movimento Modernista no Brasil em 1922. Nasceu em São Paulo, mas em 1912 foi para a Alemanha, onde freqüentou a Academia de Belas-Artes em Berlim. Em 1914, de volta ao Brasil realizou sua primeira exposição individual, mas sua exposição mais famosa é a de 1917. Nessa mostra figuram as obras A estudante russa, O homem amarelo (1915/16), e Mulher de Cabelos Verdes (1915). Com essas obras, Anita apresentou aos visitantes da exposição a ideia de que o artista deve ter total liberdade no uso das cores e na construção de suas figuras e não se deixar limitar pela realidade. Nesse sentido, Anita acabou tendo uma importância histórica muito grande para as artes do Brasil, pois, na medida em que foi criticada, polarizou a atenção dos artistas inovadores e revelou que sua arte apontava para novos caminhos, principalmente para os novos usos da cor.

Depois das exposições de Segall e Malfatti, os artistas mais inovadores começaram a se reunir em torno da ideia da realização de uma mostra coletiva que apresentasse ao público o que se fazia de mais atualizado no país. Entre esses artistas estava Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo, ou Di Cavalcante, um dos grandes incentivadores da Semana de 22. Participou da Semana com trabalhos como Ao pé da cruz e Amigos (Boêmios) (1921). As obras desse pintor ficaram muito conhecidas pela presença da mulher. Exemplos disso são Nascimento de Vênus (1940), ou Mulher de vermelho (c. 1945). Ele sofreu influência de diversos pintores, como Picasso, Gauguin, Matisse e Braque. Mas ele foi capaz de transformar essas influências numa produção muito pessoal e associada aos temas nacionais, como na obra Pescadores (1951). Era dono de um traço ágil e de uma forte capacidade de síntese, e com isso soube produzir um grande número de desenhos e caricaturas que faziam sucesso nas revistas.

Também participou da Semana de 22, com dez trabalhos, o artista Vicente do Rego Monteiro. Com 12 anos ele foi estudar pintura na Europa, e já muito jovem já participava do Salão dos Independentes, em Paris. Manteve contato com artistas que na época representavam o que havia de mais moderno na pintura européia, e trabalhou com essas tendência de um modo muito próprio, como visto nas obras Crucifixão, Flagelo e Pietà (1924). Nessas obras predominam linhas retas e o corpo humano é reduzido a formas geométricas. Também se interessou por mitos indígenas brasileiros, como a obra Mani-oca (1921).

Na década de 1920, graças a produção de Vítor Brecheret, a escultura brasileira ganhou um aspecto mais moderno. As obras desse artista afastaram-se da imitação de um modelo real e ganharam expressão por meio de volumes geometrizados, delimitados por linhas sintéticas e de poucos detalhes. Depois de estudos iniciais em São Paulo, mudou-se para a Europa em 1913 para aperfeiçoar-se. Em Roma, participou da Exposição Nacional de Belas-Artes de 1916 com a obra Despertar, e obteve o primeiro lugar. Já de volta ao Brasil, em 1920, ele apresentou a maquete do Monumento às Bandeiras (1936-53), escultura em granito no Parque do Ibirapuera. Participou da Semana de 22 com 12 peças, e também de diversos salões franceses como obras como Sepultamento e Portadora de perfume. Durante sua vida, produziu muito e criou obras gigantescas, como Monumento a Caxias. Mas também deu beleza a pequenas e graciosas peças de bronze, como Tocadora de guitarra (1923), e de terracota, como Santa Ceia.

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora