Expressionismo.

O séc. XX inicia-se ampliando as conquistas técnicas e o progresso industrial do século anterior. Na sociedade, acentuam-se as diferenças entre os mais ricos e os mais pobres. O capitalismo organiza-se e surgem os primeiros movimentos sindicais, que passam a interferir nas sociedades industrializadas. Ocorrem também profundas conturbações políticas: a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa, o surgimento do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha. Não demorou muito para que a situação política criada pela Itália e Alemanha levasse os países europeus e americanos a se envolver em novo conflito mundial, a Segunda Guerra Mundial. É nesse contexto complexo e muitas vezes angustiante que se desenvolve a arte da primeira metade do séc. XX.

O Expressionismo teve origem na Alemanha, entre 1904 e 1905, com um grupo chamado Die Brücke (A ponte). É inegável que tenha sido uma reação ao impressionismo, já que esse movimento se preocupou apenas com as sensações de luz e cor, não se importando com os sentimentos humanos e com a problemática da sociedade moderna. Ao contrário, o Expressionismo procurou expressar as emoções e interpretar as angústias que caracterizaram psicologicamente o homem do início do séc. XX.

O pintor norueguês Edvard Munch também inspirou o movimento expressionista. Sua obra O Grito (1893) é um exemplo dos temas que sensibilizaram os artistas ligados a essa tendência. Nessa obra, a figura humana não apresenta suas linhas reais, mas se contorce sob o efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte, conduzem o olhar do observador para a boca da figura, que se abre num grito perturbador.

O Grito, de Edvard Munch
O Grito, de Edvard Munch

Em Cinco mulheres na rua (1913), de Ernst Kirchner, um tema aparentemente ingênuo é tratado de uma forma inquietante. Cinco figuras femininas são representadas com roupas elegantes e parecem imobilizadas numa calçada, observando possivelmente a vitrine de uma loja. As extremidades de suas figuras são alongadas nas linhas dos sapatos e nos enfeites dos chapéus, o que eu lhes confere um ar arrogante, reforçado pela expressão dura do rosto. Além disso, a cena como um todo enfatiza a sugestão de aspereza e de dificuldade de comunicação no relacionamento entre os seres humanos.

Cinco mulheres na rua, de Ernst Kischner
Cinco mulheres na rua, de Ernst Kischner

Como podemos notar, os expressionistas são deformadores sistemáticos da realidade, pois desejam manifestar seu pessimismo em relação ao mundo. Assim, realizam uma pintura que foge as regras tradicionais de equilíbrio da composição, da regularidade e da forma e da harmonia das cores. Por isso é considerada por alguns como uma pintura feia. Contribui para essa visão negativa a amargura com que às vezes o homem e a natureza são retratados.

Esse clima melancólico e inquietante do Expressionismo - historicamente o primeiro grande movimento da pintura moderna - será muitas vezes abandonado e outras tantas retomado ao longo do agitado século XX.

ESCULTURA

A escultura expressionista não teve um selo estilístico comum, sendo o produto individual de vários artistas que refletiram na sua obra quer a temática quer a distorção formal próprias do expressionismo. Destacam-se especialmente dois nomes:

  • Ernst Barlach: inspirado na arte popular russa -após uma viagem ao país eslavo em 1906 - e na escultura medieval alemã, as suas obras têm certo ar caricaturesco, trabalhando muito o volume, a profundeza e a articulação do movimento. Desenvolveu duas temáticas principais: a popular (costumes quotidianos, cenas campesinas) e -sobretudo depois da guerra- o medo, a angustia, o terror. Não imitava a realidade, mas criava uma realidade nova, jogando com as linhas quebradas e com os ângulos, com anatomias distanciadas do naturalismo, tendendo à geometrização. Trabalhou preferentemente com a madeira e com o gesso, que ocasionalmente passava posteriormente para o bronze. Entre as suas obras destacam-se: O fugitivo (1920-1925), O vingador (1922), A morte na vida (1926), O flautista (1928), O bebedor (1933) e Velha friorenta (1939).
O Vingador, de Ernst Barlach
O Vingador, de Ernst Barlach

           > Käthe Kollwitz: esposa de um médico de um bairro pobre de Berlim, conheceu de perto a miséria humana, fato que a marcou profundamente. Socialista e feminista, a sua obra tem um marcado componente de reivindicação social, com esculturas, litografias e aquafortes que se destacam pela sua crueza: A revolta dos tecedores (1907-1908),A guerra dos camponeses (1902-1908), Homenagem a Karl Liebknecht (1919-1920).

Mãe e filho morto, de Kathe Kollwitz
Mãe e filho morto, de Kathe Kollwitz
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