> Egito Antigo

A expressão artística egípcia refletiu com profundidade cada momento histórico dessa civilização. Nos três períodos em que se costuma dividir sua história - o Antigo Império, o Médio Império e o Novo Império - o Egito conheceu um significativo desenvolvimento, em que a arte teve papel de destaque.

Entre todos os aspectos de sua cultura, porém, talvez a religião seja o mais relevante. Tudo no Egito era orientado por ela. Para os egípcios, eram as práticas rituais que asseguravam a felicidade nesta vida e a existência depois da morte. A religião, portanto, permeava toda a ida egípcia, interpretando o Universo, justificando a organização social e política, e conseqüentemente orientando toda a atividade artística, pois essa refletia suas crenças fundamentais. A vida após a morte era considerada mais importante do que a existência terrena. Assim, desde seu início a arte egípcia concretizou-se nos túmulos e nos objetos, como estatuetas e vasos deixados juntos aos mortos.

As tumbas dos primeiros faraós eram réplicas da casa em que moraram. Já as pessoas sem posição de destaque eram sepultadas em construções retangulares muito simples, as mastabas, que provém do termo maabba, "banco".

                         Mastaba

O faraó Djoser, que deu início ao Antigo Império, exerceu o poder autoritariamente, e desse período restaram importantes monumentos artísticos, erguidos para ostentar a grandiosidade e a imponência do poder político e religioso do faraó. A Pirâmide de Djoser, por exemplo, foi construída pelo arquiteto Imotep na região de Sacará. Essa talvez seja a primeira construção egípcia de grandes proporções.

Pirâmide de Djoser

As obras arquitetônicas mais famosas, porém, são as pirâmides do deserto de Gizé, construídas por ordem de três importantes faraós do Antigo Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos, sendo a maior delas a de Quéops: tem 146m de altura. Esse monumento revela o domínio técnico da arquitetura egípcia: não foi utilizada nenhuma espécie de argamassa entre os blocos de pedra que formam suas imensas paredes.

As pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos

No Egito antigo eram também construídas esfinges, figuras fantásticas, por exemplo, com o corpo de leão e cabeça humana, cuja finalidade era guardar os túmulos. A mais conhecida delas é a esfinge do faraó Quéfren. É outra obra gigantesca: tem 20m de altura e 74m de comprimento. Sua cabeça representa o faraó Quéfren, mas a ação erosiva dos ventos e das areias do deserto deu-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e misterioso.

Esfinge do Faraó Quéfren

Como a arte egípcia estava intimamente ligada à religião, obedecia a uma série de padrões e regras, o que limitava a criatividade ou a imaginação pessoal do artista. Assim o artista egípcio criou uma arte anônima, pois a obra deveria revelar perfeito domínio das técnicas de execução, e não o estilo de quem a executava.

Entre as regras seguidas na pintura e nos baixos-relevos, destaca-se a Lei da Frontalidade, uma verdadeira marca da arte egípcia. De acordo com ela, a arte não deveria apresentar uma reprodução naturalista, que sugerisse ilusão de realidade: pelo contrário, diante de uma figura humana retratada frontalmente, o observador deveria reconhecer claramente tratar-se de uma representação. No geral, a característica principal

era o tronco das figuras representado de frente, enquanto a cabeça, as pernas e os pés vistos de perfil.

No Antigo Império, a escultura foi a manifestação artística que ganhou as mais belas representações. Um bom exemplo é a conhecida imagem Escriba sentado. Trata-se de uma de autoria desconhecida, realizada entre 2620 e 2350 a.C., que retrata, provavelmente, um escriba ou um príncipe. Essa dúvida é motivada pela qualidade da obra. Os cuidados com os detalhes não eram comumente dedicados pelos artistas na representação dos funcionários da burocracia do Império.

O Escriba sentado

Foi no Novo Império que o Egito viveu o ponto alto de seu poderio e de sua cultura. Nesse período, os faraós reiniciaram as grandes construções, e dessas, as mais conservadas são os templos de Luxor e Carnac, ambos dedicados ao deus Amon. Construído por determinação de Amenófis III, o templo de Luxor possui colunata composta de sete pares de colunas com cerca de 16m cada. Seu aspecto mais importante é o novo tipo de coluna, com capitel trabalhado com motivos tirados na natureza, como o papiro e a flor de lótus.

            Templo em Karnak                                            Templo em Luxor                                         colunas do templo de Luxor

Entre os grande monumento funerários desse período, um dos mais importantes é o templo da rainha Hatshepsut, que reinou de 1511 a 1480 a.C.. Essa construção imponente e harmoniosa deve sua beleza, em grande parte, à maneira como foi concebida: a montanha rochosa que lhe serve de fundo parece fazer parte do conjunto, o que cria uma profunda integração entre a arquitetura e o ambiente natural.

Templo da rainha Hatshepsut

Na pintura do Novo Império surgiram criações artísticas mais leves e de cores mais variadas que as dos anteriores. Abandonada a rigidez de postura das figuras, elas parecem ganhar movimento. Howard Carter encontrou, em 1922, na tumba de Tutancâmon, um imenso tesouro. Seu túmulo é uma grande construção formada por um salão de entrada, onde duas portas secretas dão acesso à chamada "câmara do tesouro" e à sala sepulcral. O tesouro é constituído por vasos, arcas, um rico trono, carruagens, esquifes e inúmeras peças de escultura, entre as quais duas estátuas de quase 2m, representando o jovem soberano.

Feito de madeira esculpida, esse trono é recoberto com uma lâmina de ouro e ornamentado com incrustações multicoloridas de vidro, cerâmica esmaltada, prata e pedras. Trata-se de uma das obras mais esplêndidas do tesouro de Tutancâmon. A múmia imperial estava protegida por três sarcófagos, um dentro do outro: um de madeira dourada, outro também de madeira, mas com incrustações preciosas e, finalmente, o terceiro, em ouro maciço com aplicações de lápis-lazúli, coralinas e turquesas.

Os reis da dinastia que se seguiu ao reinado de Tutancâmon preocuparam-se em expandir o poderio político do Egito, o que foi conseguido por Ramsés II. Por isso, toda a arte de seu reinado foi uma demonstração de poder. Isso pode ser observado nas estátuas gigantescas e nas imensas colunas comemorativas dos feitos políticos desse soberano.

disposição ilustrada da ordem em que foram encontrados os sarcófagos de Tutancâmon

fotografia de um dos sarcófagos de Turancâmon.

Data também dessa época a utilização dos hieróglifos como elemento estético. Com a intenção de deixar gravados para a posteridade os feitos de Ramsés II, eles começaram a ser esculpidos nas fachadas e colunas dos templos. Assim, passaram a fazer parte da ornamentação das obras arquitetônicas.

                                               o uso dos hieróglifos para a escrita e ornamentação da pintura egípcia

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