> Cubismo

Os artistas do início do séc. passado interessaram-se pela obra de Cézanne, pois para ela a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. Significava, em suma, o abandono da busca da ilusão da perspectiva ou das três dimensões dos seres, tão perseguidos pelos pintores renascentistas.

Com o tempo, o cubismo evoluiu em duas grandes tendências chamadas cubismo Analítico e cubismo Sintético. O cubismo Analítico foi desenvolvido por Pablo Picasso e Georges Braque, aproximadamente entre 1908 e 1911, nas obras Violino e cântaro, de Braque e O poeta, de Picasso. Esses artistas trabalharam com poucas cores - preto, cinza e alguns tons de marrom e ocre - já que o mais importante para eles era definir um tema e apresentá-lo de todos os lados simultaneamente. Levada às últimas conseqüências, essa tendência chegou a uma fragmentação tão grande dos seres, que tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas.

Reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura, os cubistas passaram ao Cubismo Sintético. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis, mas, apesar de ter havido uma certa recuperação da imagem real dos objetos, isso não significou o retorno a um tratamento realista do tema, como podemos ver em Mulher com o violão, de Braque. Apesar de identificar uma figura feminina, o observador percebe que nessa tela foi mantido o modo característico do Cubismo de apresentar simultaneamente as várias dimensões de um objeto.

Mulher com violão, de Braque
Mulher com violão, de Braque

Pablo Picasso, tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua morte, passou por diversas fases. São mais nítidas a fase azul (1901-1904), que representa a tristeza e a melancolia dos mais pobres, e a fase rosa (1905-1907), em que pinta acrobatas e arlequins.

Depois de descobrir a arte africana e compreender que o artista negro não pinta ou esculpe de acordo com as tendências de um determinado movimento estético, mas com uma liberdade muito maior, Picasso desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em 1907, com a obra Les Demoiselles d'Avignon, o pintor espanhol começa a elaborar a estética cubista, que, como vimos, fundamenta-se na destruição da harmonia clássica das figuras e na fragmentação da realidade.

As damas de Avignon, de Picasso
As damas de Avignon, de Picasso

Aos poucos Picasso começa a voltar sua atenção para o homem europeu envolvido pelos conflitos que irão culminar com as guerras dos anos seguintes. Em 1937, pinta o seu mais famoso mural, em que representa, com veemente indignação, o bombardeio da cidade espanhola de Guernica, responsável pela morte de grande parte da população civil formada por crianças, mulheres e trabalhadores. Nessa obra em branco, preto e tons de cinza, não temos uma representação clara e objetiva de uma cena do bombardeio de uma cidade - como vemos, por exemplo, nos noticiários de TV que cobrem as guerras atuais -. O que temos são fragmentos dessa realidade, clarões, partes de figuras deformadas de seres humanos e de animais; mas reconhecemos o desespero e a violência que predominam na cena.

Guernica, de Picasso
Guernica, de Picasso

As obras de Fernand Léger apresentam um desenho sintético e geometrizado. Do ponto de vista do seu significado, podem ser entendidas como um comentário otimista sobre o início do séc. XX, como podemos ver em O tipógrafo e Elementos Mecânicos (1918-23), obra que pode ser entendida como a expressão do ponto de vista do artista que considera a máquina e o trabalho dos homens na produção industrial como forma de construção de um mundo novo.

Elementos mecânicos, de Lédger
Elementos mecânicos, de Lédger

Outra derivação da tendência foi a chamada Colagem, pois introduziu na pintura letras, palavras, números, pedaços de madeira, jornais, vidro e metal, isto é, fragmentos, reais ou representados, de objetos retirados diretamente do cotidiano vivido pelas pessoas. Exemplos dessa tendência são Natureza-morta com fruteira e garrafa d'água, de Juan Gris; Natureza-morta com ás de paus, de Braque e Garrafa de Vieux Marc, de Picasso. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artista de criar novos efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também sensações táteis no observador.

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