> ARTE GREGA

Dos povos da Antiguidade, os que apresentaram produção cultural mais livre forma os gregos. É verdade que, ao estabelecer relações com o Egito e o Oriente próximo, os gregos sentiram grande admiração pela produção artística desses povos. Mas, se inicialmente eles imitaram os egípcios, com o tempo criaram uma arquitetura, escultura e pintura próprias, movidos por concepções muito diferentes das egípcias, tão ligadas à religiosidade.

Convictos de que o ser humano ocupava especial lugar no universo, os gregos não se submeteram a imposições de reis ou sacerdotes. Para eles, o conhecimento, expressado pela razão, estava acima de qualquer divindade. Do ponto de vista de sua produção artística, podemos dividir em três períodos:

• Arcaico - da formação das cidades-Estados, em meados do séc. VII a.C até a época das Guerras Greco-pérsicas, no séc. V a.C.
• Clássico - das guerras Greco-pérsicas até o fim da guerra de Peloponeso (séc. IV a.C.).
• Helenístico - do séc. IV a. C. até o séc. II a.C.

ESCULTURA

Aproximadamente no fim do séc. VII a. C., os gregos começaram a esculpir grandes figuras masculinas em mármore. Nelas ainda era evidente a influência da cultura egípcia, tanto nas formas como na técnica de esculpir grandes blocos. O artista grego, porém, já acreditava que a escultura não deveria apenas se assemelhar a seu modelo: ela teria de ser também um objeto belo em si mesmo. Tanto quanto o egípcia, o escultor grego do período arcaico apreciava a simetria natural do corpo humano. E para deixar isso claro, ele esculpia figuras masculinas nuas, eretas, em rigorosa posição frontal e com o peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é chamado Kouros, que significa "homem jovem".

Como não era submetida a convenções rígidas associadas a religião, a arte grega pode evoluir livremente, e pequenas alterações foram sendo implementadas pelos artistas ao longo do tempo, como em Éfebo de Crítios (c. 480 a.C.). Na busca pela superação da rigidez das estátuas, o mármore mostrou-se inadequado, pesado demais. Por isso, começaram a trabalhar com o bronze que, além de ser mais resistente, permitia criar figuras que expressassem melhor a ideia de movimento, como em Zeus de Artemísio (c. 470 a.C.). Outros exemplos da escultura grega é o Discóbulo de Míron (c. 450 a.C.), e o Doríforo de Policleto (440 a.C.), que datam do período Clássico.

A escultura do período Helenístico apresentava traços bem característicos. Um deles era a representação, sob forma humana, de conceitos e sentimentos, como a paz, amor, liberdade, vitória, etc., como em a Vitória de Samotrácia (c. 190 a.C.). Outro traço marcante foi o surgimento do nu feminino (Afrodite de Cnido, de Praxíteles, 370 a.C.), pois nos períodos arcaico e clássico, representava-se a figura feminina sempre vestida. As representações de Afrodite foram muito apreciadas e copiadas, com variações, durante séculos. Até aparecer a famosa Afrodite de Melos, ou Vênus de Milo (séc. II a.C.), na designação romana. 

Mas o grande desafio - e a grande conquista - da escultura do período helenístico foi a representação não de uma só figura, mas de grupos de figuras que sugerissem mobilidade e fossem belos de todos os ângulos. Assim é em Soldado gálata e sua mulher, séc III a.C., grupo formado por um soldado que acaba de matar a mulher e esta prestes a suicidar-se.

ARQUITETURA

As edificações gregas que mais despertam interesse são os templos, construídos não para reunir pessoas em seu interior para o culto religioso, mas para proteger da chuva ou do sol as esculturas de suas divindades. A característica mais evidente entre os templos gregos é a simetria entre o pórtico da entrada - o pronau - e o dos fundos - o opistódomo. O núcleo era formado pelo nãos (onde ficava a imagem da divindade). Era todo cercado pelo peristilo (série de colunas).

O templo era construído sobre uma base de 3 degraus. As colunas do templo sustentavam um entablamento horizontal, formado por três partes: arquitrave, friso e cornija. As colunas seguiam três ordens distintas:

• Dórica - simples e maciça. Os fustes das colunas eram grossos, e o capitel era muito simples.
• Jônica - sugeria mais leveza e era mais ornamentada que a dórica. As colunas apresentavam fustes mais delgados, e os capitéis eram ornamentados, com detalhes em espirais.
• Coríntia - capitéis ricamente decorados, com flores e folhas, que a ser utilizado muitos vezes no lugar do capitel jônico, como um modo de variar e enriquecer as colunas dessa ordem.

Os templos eram cobertos por um telhado descendente no sentido das laterais, que resultava em um espaço triangular na frente de nos fundos, chamado Frontão, que era ricamente ornamentado com esculturas. Um dos exemplos mais conhecidos é o Partenon, templo dedicado à deusa Atena.

PINTURA

A pintura surge na Grécia como elemento de decoração da arquitetura. A pintura grega, porém, encontrou também uma forma de realização na arte da cerâmica. Os vasos gregos são conhecidos não só pelo equilíbrio da forma, mas também pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a ornamentação. A princípio, além de servir para rituais religiosos, esses vasos eram usados para armazenar, entre outras coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. À medida que passaram a revelar um forma equilibrada e um trabalho de pintura harmonioso, tornaram-se também objetos artísticos e decorativos.

As pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades diárias e cenas da mitologia grega. Inicialmente o artista pintava, em negro, a silhueta das figuras. A seguir, gravava o contorno e ar marcas interiores com um instrumento pontiagudo, que retirava a tinta preta, deixando linhas nítidas. O maior pintor de figuras negras foi Exéquias.

Por volta de 530 a.C., Eutímedes introduziu uma grande mudança na arte de pintar vasos: inverteu o esquema de cores, deixando as figuras na cor natural do barro cozido e pintando o fundo de negro, teve início então, a série de figuras vermelhas.